Nistagmo
O nistagmo é a movimentação involuntária dos olhos A fixação do olhar é prejudicada pela instabilidade do movimento dos olhos por isso grande parte dos nistagmos estão associados a visão reduzida. O nistagmo não é em si uma doença, e sim, um sinal de alteração visual.
O nistagmo pode aparecer em qualquer idade e as manifestações clínicas são diversas. Quando o nistagmo se apresenta de forma constante, é denominado nistagmo manifesto. Quando seu aparecimento está associado a cobertura de um dos olhos, é denominado nistagmo latente. Ainda é possível ter a associação das duas formas, nistagmo manifesto + latente, quando o indivíduo apresenta o nistagmo constante e ao ocluir um dos olhos, o nistagmo “piora”, aumentando a frequência (velocidade) e/ou amplitude do movimento.
É classificado de acordo com o padrão, velocidade e direção do movimento dos olhos, que pode ser horizontal, vertical e/ou rotatório.
Com relação ao padrão, os mais comuns são o nistagmo pendular, no qual os olhos realizam um movimento de pêndulo, mantendo velocidade constante e simétrica em todas as direções do movimento e o nistagmo do tipo jerk, que é caracterizado por um movimento composto por duas fases, sendo um deslocamento lento para uma determinada direção seguido por um movimento rápido de recuperação ao estado inicial.
O nistagmo pode variar conforme a direção do olhar, aumentando ou diminuindo a frequência e a amplitude em uma determinada posição, isso varia de pessoa para pessoa. Em alguns casos é possível “parar” o nistagmo com posições especificas da cabeça ou do olhar Esta posição é denominada ponto de bloqueio. Muitas crianças desenvolvem torcicolo por adotarem constantemente a posição de bloqueio para melhorarem a visão.
Causas
Com relação a idade, se o aparecimento for até os 3 meses de vida, o nistagmo é considerado congênito. Após essa idade, o nistagmo é considerado adquirido. Nos 2 primeiros anos de vida, o nistagmo adquirido mais comum é o spasmus nutans. O diagnóstico é feito pela observação de três manifestações clínicas conjuntas: nistagmo, oscilação de cabeça e torcicolo. Na sua forma benigna não requer tratamento e esse transtorno tende a melhorar com o tempo e geralmente não há complicações.
Em geral, as causas estão associadas com doenças na retina, do nervo óptico ou do cérebro, tais como:
- Distrofias retinianas (Amaurose congênita de Leber, Distrofia de cone-bastonete, acromatopsia)
- Albinismo ocular ou óculo-cutâneo
- Hipoplasia do nervo óptico
- Tumores de vias ópticas
- Traumas ou lesões cerebrais
- Acidente vascular cerebral
- Alteração vestibular
- Uso de drogas
Existe nistagmo que não seja patológico?
Existe sim! Ao vermos uma imagem em movimento com padrão de repetição, (por exemplo, quando estamos no trem e ao olharmos pela janela observamos as árvores passando) ocorre um fenômeno conhecido como nistagmo optocinético que nada mais é do que o movimento de refixação que os olhos fazem ao perder o alvo que passou.
Existem testes para desencadear o nistagmo, como o tambor de Bárany que utiliza esse mecanismo para avaliar qualitativamente a movimentação dos olhos dos bebês por meio da rotação de seu cilindro pintado com faixas verticais pretas e brancas.
Diagnóstico
O oftalmologista deve ser consultado assim que perceber o nistagmo. A investigação poderá envolver outros profissionais como neurooftalmologista, neurologista e o otorrinolaringologista, a fim de identificar as causas de origem ocular, cerebral, sistêmica ou por alteração vestibular. Exames complementares como neuroimagem, avaliação do fundo de olho e testes eletrofisiológicos devem ser solicitados no nistagmo em criança
O potencial visual evocado por padrões ou flashes de luz é utilizado para avaliação do sistema visual e identificação de possíveis lesões na via óptica e em casos de bebês, crianças ou indivíduos com alteração neurológica importante, como pós AVC grave, pode ser associado o potencial visual evocado de varredura para avaliação da acuidade visual. Para investigação de origem retiniana, o eletrorretinograma de campo total é utilizado para medir a função das células da retina e identificar distrofias retinianas que podem estar relacionadas ao nistagmo. Os testes não são invasivos e podem ser realizados em qualquer idade.
Tratamento
Não há cura para o nistagmo, mas os tratamentos visam melhorar o aspecto clínico e fisiológico do indivíduo. O tratamento varia a cada caso, podendo ser cirúrgico, com aplicação de toxina botulínica, tratamentos sistêmicos e suspensão das substâncias ou medicamentos associados ao nistagmo. A estimulação visual e terapias complementares são de extrema importância para auxiliar o individuo com baixa visão e melhorar o desempenho nas atividades do dia a dia.