Degeneração macular relacionada à idade, também conhecida como DMRI, é uma das três maiores causas de perda visual em adultos, principalmente em idosos, juntos com a catarata e o glaucoma.
Definição
A Degeneração macular relacionada à idade é uma doença da retina, estrutura responsável pela formação da imagem, mais especificadamente a mácula, área mais especializada, responsável pela visão central, podendo dessa forma prejudicar severamente a acuidade visual do paciente.
Há duas formas de DMRI, a forma não exsudativa, ou seca e a forma exsudativa ou neovascular.
DMRI seca, que constitui aproximadamente 85-90% dos casos, é caracterizada pela presença de drusas, depósito de material entre a membrana de Bruch e o epitélio pigmentar da retina (EPR) e alterações do epitélio pigmentar da retina (EPR).
DMRI úmida é caracterizada pela formação de membrana neovascular subretiniana.
A DMRI pode ser classificada em leve, intermediária e avançada. Sendo a classificação determinada pela presença, tamanho e localização das drusas e alterações do EPR.
Figura 1. Exemplos de retinografia (imagens de fundo de olho) e angiografia fluorescente (D) de indivíduos com Degeneração Macular Relacionada a idade. Fonte: Chakravarthy U, Evans J, Rosenfeld PJ. Age related macular degeneration. BMJ. 2010 Feb 26;340:c981
Causas da DMRI
A causa é multifatorial, com maior destaque para a idade, predisposição genética, tabagismo, hipertensão, doenças cardiovasculares, sexo feminino, hipercolesterolemia, obesidade, exposição solar, hipermetropia, raça branca.
Fatores genéticos: A genética desempenha um papel importante na DMRI. Pessoas com histórico familiar desta doença correm maior risco de desenvolvê-la.
Envelhecimento: A idade é o principal fator de risco para DMRI. Quanto mais velha uma pessoa, maior a probabilidade de desenvolver esta doença.
Fumar: Fumar aumenta significativamente o risco de desenvolver DMRI e está correlacionado com a progressão mais rápida da doença.
Exposição à Luz UV: Exposição prolongada e sem proteção aos raios ultravioleta (UV) pode contribuir para o desenvolvimento ou agravamento da DMRI.
Hipertensão Arterial e Doenças Cardiovasculares: Condições como hipertensão arterial, doenças cardiovasculares podem estar correlacionadas ao aumento do risco de desenvolvimento da DMRI.
Obesidade: Indivíduos com elevado Índice de Massa Corporal (IMC) têm um risco ligeiramente maior de desenvolver DMRI.
Sintomas
Os sintomas podem aparecer de forma insidiosa ou subitamente e costumam aparecer a partir dos 60 anos de idade.
No início, muitos pacientes não percebem que tem a doença até que haja uma maior alteração na mácula que leve a percepção visual alterada. Os portadores de DMRI apresentam maior dificuldade na visão de detalhes como leitura e trabalhos manuais e com a piora da doença podem surgir embaçamento mais acentuado na visão central como manchas, distorções das imagens, alteração do tamanho da imagem como micropsia e maior sensibilidade à luz. Quando os dois olhos são afetados, estes indivíduos podem apresentar redução da visão de profundidade, com maior risco de tropeços e quedas nos degraus.
Testes eletrofisiológicos na Degeneração Macular Relacionada a Idade
O Eletrorretinograma é um teste fundamental utilizado para avaliar a função da retina. O Eletrorretinograma multifocal avalia a função macular, área acometida na DMRI e o Eletrorretinograma de campo total avalia a função das células fotorreceptoras e dos neurônios bipolares da retina e permite a avaliação da extensão do acometimento da doença. Estudos mostram que o ERG auxilia na identificação de padrões de resposta específicos em condições retinianas, ajudando na caracterização da DMRI e na compreensão de seus aspectos fisiopatológicos. Além disso, é possível identificar alterações iniciais pelos testes eletrofisiológicos e manter acompanhamento preciso e quantitativo da função retiniana.
Tratamento de DMRI
Não há cura para a DMRI, mas existem tratamentos que podem retardar sua progressão. Estes incluem suplementação vitamínica, injeções intraoculares de medicamentos antiangiogênicos para diminuir o crescimento de vasos sanguíneos anormais na DMRI neovascular, uso da terapia fotodinâmica (PDT), mudanças no estilo de vida, como parar de fumar e usar óculos escuros para se proteger dos raios solares.
Há novos tratamentos para DMRI seca recém-lançados no mercado. Medicações com alvo no sistema complemento, recentemente aprovados pelo FDA (Food and Drug Administration): SYFOVRE e IZERVAY, sendo essas drogas injetáveis, com intuito de diminuir a velocidade de evolução da atrofia do EPR e a fotobiomodulação, sistema VALEDA, que atua através de diferentes comprimentos de ondas (590, 660 e 850nm) em pacientes com DMRI não exsudativa.
Reabilitação Visual
A perda da visão central na DMRI, compromete a resposta visual no idoso causando dificuldade na realização de tarefas como leitura eficiente, reconhecimento de faces e expressões faciais, preparo de alimentos, usar o celular e outras atividades de vida diária. Acarreta também perda de alcance visual para TV, teatro, cinema, deambulação ou dirigir um veículo, além de alterações na percepção de cores e contrastes baixos, na leitura de jornais, documentos, extratos bancários etc. O indivíduo acometido destas limitações geralmente sofre repercussões pessoais como a dependência, o isolamento e depressão, repercussões socioeconômicas devido a custos com tratamentos, perda de posto de trabalho entre outros.
A reabilitação visual com profissionais especializados associada ao uso de tecnologias assistivas como recursos ópticos (lupas, telescópios, prismas, lentes de aumento ou filtrantes), recursos não ópticos (otimização da fonte, contraste, iluminação e ajustes posturais) e recursos eletrônicos e de informática (smartphones, tablets, lupas eletrônicas, leitores de texto, aplicativos, etc), visam aumentar, manter ou melhorar o uso da visão residual periférica. Nas sessões de treinamento iremos auxiliar o portador da deficiência e familiar a perceber onde há maior potencial visual e como utilizá-lo a fim de alcançar eficácia na realização das tarefas acima descritas. Importante! O esforço visual NÃO deteriora os olhos, desde que usado óculos com grau correto e boa iluminação. Por esse motivo, é imperativo que o idoso faça e participe das mais diversas atividades que usem a visão e o raciocínio!
Leitura Científica Sugerida
Forshaw TRJ, Kjaer TW, Andréasson S, Sørensen TL. Full-field electroretinography in age-related macular degeneration: an overall retinal response. Acta Ophthalmol. 2021 Mar;99(2):e253-e259. doi: 10.1111/aos.14571. Epub 2020 Aug 24. PMID: 32833310.
Forshaw TRJ, Subhi Y, Andréasson S, Sørensen TL. Full-Field Electroretinography Changes Associated with Age-Related Macular Degeneration: A Systematic Review with Meta-Analyses. Ophthalmologica. 2022;245(3):195-203. doi: 10.1159/000521834. Epub 2022 Jan 11. PMID: 35016191.
Fabre M, Mateo L, Lamaa D, Baillif S, Pagès G, Demange L, Ronco C, Benhida R. Recent Advances in Age-Related Macular Degeneration Therapies. Molecules. 2022 Aug 10;27(16):5089. doi: 10.3390/molecules27165089. PMID: 36014339; PMCID: PMC9414333.